The Town

Como que foi o The Town?
Foi uma experiência incrível e sou muito grata por ter tido a oportunidade de ir.
O dia 9 de setembro jamais será esquecido.
Eu ouvia todo dia, no AP (aviso ao público) do Metrô, a Glória Groove falando sobre o festival. Vi também na TV e no Instagram, mas desconfiava que não era algo que fizesse parte da minha realidade e não pesquisei nada a respeito até que ganhei um par de ingressos.
Demorou bem uns 15 minutos até que eu processasse a informação: eu vou!
O salário mínimo atual é de R$ 1320,00. Um ingresso para um dia no festival era R$ 815,00, ou seja, aproximadamente 61,74%. É muito dinheiro.
Por curiosidade, pesquisei também quanto seria a entrada VIP. Nada mais nada menos que a bagatela de R$ 4.000,00 ou 3 salários mínimos + 40 reais.
Saímos de casa cedo, fomos de transporte público: metrô e trem.
Tudo correu bem.
Pesquisamos o que era permitido e proibido levar. Compramos coisinhas para beliscar e capas de chuva que não precisaram ser estreadas, ainda bem.
Eu não fazia ideia de como era um festival assim. Fui perguntada se havia lugar para sentar e não soube responder, mas, precavida, levei uma canga para sentar na grama sintética que havia perto de cada um dos palcos.
É muita gente. É MUITA gente. É um público imenso e uma grande estrutura para dar conta de tudo. Vários brinquedos, que soube depois, que eram atrações pagas a parte, se entendi bem.
Ouvi e li relatos de queixas a respeito da organização. Muitas comparações com outros festivais e, como eu já disse, não tenho uma experiência prévia. Do meu ponto de vista, achei tudo bastante organizado e seguro, mas MUITO, muito cheio.
O primeiro show que vimos foi o da Pitty. Não imaginava que ia ficar tão emocionada. Fiquei vários dias preocupada com algo que pudesse dar errado. Fiquei com receio do celular me deixar na mão e os ingressos estavam nele, mas deu tudo certo. A vibração, aquela atmosfera, as músicas que eu sabia de cor quase todas… Até que ela disse que o álbum Admirável Chip Novo estava completando 20 anos. Lembrei que fiz uma paródia dessa música com as meninas da Fatec na aula de Língua Portuguesa. Só que eu saí da Fatec já tem mais de uma década.
Depois vimos Barão Vermelho com Samuel Rosa e eu também adorei.
Filas para comer, para comprar água, para usar o banheiro. Quarenta reais uma pizza brotinho, uma facada, mas estávamos preparados.
Vimos um pedaço de Detonautas, um pouco de música instrumental com o Hamilton de Holanda, um tempinho de música eletrônica e de funk, Yeah Yeah Yeahs quase todo e, por fim, Foo Fighters.
A última e mais esperada atração foi, como era de se imaginar, a mais lotada. E eu já estava achando muito cheio. Uma moça, que estava atrás de mim, disse que nunca tinha gastado tanto dinheiro para ver um telão.
Telão, sim, porque era impossível chegar mais perto do palco.
Era tanta gente que ficava difícil de respirar. Até que o show começou. Pontualmente, graças a Deus! Surgiu uma energia não sei se onde e até as doresnas pernas e nas costas, por horas em pé, passaram por um tempo. Eu imaginava que fosse cansativo, mas não imaginava que fosse tanto. Estou envelhecendo. Que bom! Brinquei que usaria as minhas férias inteiras para me recuperar, mas a verdade é que no domingo à noite eu já estava descansada. Pronta para outra!
Muitas pessoas tentaram trocar o dia do ingresso comigo. “Você gosta muito do Foo Fighters?”, “O sonho de uma amiga é ver o Foo Fighters”, “Que sorte a sua: Foo Fighters”. Eu não quis trocar. Eu não conhecia todas as músicas do Foo Fighters, mas eu sou o tipo de pessoa que se prepara para ir em um show. Eu passo a semana ouvindo as músicas, sentindo o clima.
O vocalista, Dave Grohl, interagiu bastante com a plateia em inglês, obviously. Não, não entendi tudo o que ele disse, mas entendi algumas coisas e fiquei feliz por isso.
Foi um show muito empolgante, mas era tanta gente… Precisamos sair um pouquinho antes do final (imagino que muitos iriam nos sacrificar por isso), eu precisava tomar um remédio por causa de uma dor estranha na barriga que persistiu ainda por dois dias. A minha água tinha acabado e, além disso, onde estávamos era impossível conseguir achar o remédio na mochila.
Sentamos de novo no gramado sintético para ouvir as músicas sem o aperto e o calor humano do público e depois seguimos para a estação de trem. Trem esse que seguiu cheio, mas não de forma desumana.
Depois do trem, o metrô sentido Capão Redondo. Estávamos três desconhecidos, meu namorado e eu. Do lado oposto, sentido Chácara Klabin, toda a horda.
Claro, pelo preço do ingresso… Isso mexeu bastante comigo. Como eu disse no começo, não é algo para a minha realidade, para a realidade das pessoas de onde eu venho.
Ressalto que achei uma experiência incrível, porém isso me faz pensar se as pessoas gostam tanto assim desse tipo de entretenimento, com tantas filas, vendo boa tarde dos shows por telão, ou se o que chama a atenção é ser algo para poucos. Público diferenciado que dispõe de mais de 60% de um salário mínimo ou de cerca de 30%, no caso de estudantes.
Pessoas como eu, como a maioria de nós, não deveria estar lá. Não é? E acho que justamente por isso que eu achei tão legal estar, contrariando as estatísticas…
Desejo que um dia, em um evento desse porte, o retorno sentido Capão Redondo esteja tão cheio quanto o sentido Chácara Klabin.

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