Tudo é rio

“Tudo é rio” de Carla Madeira. Mineira, nascida em Belo Horizonte. Eu não sou mineira, mas é como se fosse.
Ganhei esse livro do meu namorado em dezembro e terminei de ler hoje.
Justo agora que estou mudando de carreira, cheia de medos e inseguranças. É bom pensar que lidamos da melhor forma que podemos com as coisas que nos acontecem.
Ouvi: você é doida? Largar um emprego de 10 anos para encarar uma sala de aula? E ouvi também: nunca entendi o porquê de você não ter ido antes. Eu iria sem olhar para trás.
Tomamos decisões com base no que sabemos e no que sentimos.
Devemos seguir nossos sonhos? E quem não sabe direito o que sonha?
Escolher é abrir mão de algo e por mais bem informados que pensamos que somos, sempre pode ser um tiro no escuro.

Agora entendo porque havia tanta gente falando bem sobre o livro. É lindo. É triste. É alegre. É humano. Quando eu ganhei, uma pessoa me perguntou: esse livro fala sobre o quê? Eu não tinha lido ainda e não sabia responder. Agora eu li e ainda não sei responder muito bem. Não sei e não é porque não entendi, mas porque é difícil sintetizar. Acho que tudo é rio porque se esvai, foge do previsto (para o bem e para o mal).
São 206 páginas divididas em 35 capítulos.
O que mais mexeu comigo está no capítulo 25, na página 138 e faz parte de uma carta que a Aurora escreve para a sua filha Dalva.
“A gente passa a vida pelejando com o dilema de existir ou desistir, com o que é bom e o que é ruim, o certo e o errado, a morte e a vida. Essas coisas não se separam. O lugar que dói é o mesmo que sente arrepios. É no corpo, no amor e na liberdade de escolher as coisas que a gente fica inteiro ou despedaçado.”

Minha vó Maria foi uma mulher que pelejou muito na vida. Pelejar é um verbo que ela usava bastante. Perdeu a filha mais velha ainda bebê, um filho de acidente de moto, o marido não sei bem do quê, outro filho de acidente de caminhão e outra de câncer. Era tanta dor. Uma dor que não se mede. Dona Maria, tudo bem? Nunca estava bem. Não podia estar. Era uma dor no olho, uma dor nas costas, uma dor na alma.

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