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A curiosidade mata e o ódio cega

Textos de sexta: 17/52

Estava eu, em uma rede social semi-desabitada, quando me deparo com uma postagem composta de duas frases, três fotos e a localização. Eram as minhas amigas do antigo emprego. Ninguém chegou a comentar sobre a festa comigo, nem antes, nem depois. Não, eu não havia sido convidada, mas não há problema algum. O que estava me matando era a curiosidade. De quem era o aniversário? Percebi logo que era infantil devido à decoração de super-heróis. Eu ficava me perguntando “Quem é Arthur Lano?”. Sempre fui boa em gravar os sobrenomes das pessoas e eu estava certa de que não era de ninguém que eu conhecesse. Eu poderia ter acabado com o mistério perguntando para as meninas, só que Deus me livre pensarem que era ranço por não ter sido convidada. Pensei que poderia ser filho de algum funcionário novo. “Será que já colocaram alguém no meu lugar?” Ou não era nada disso, ou o sobrenome da criança deveria ser do genitor que não trabalhava conosco. Isso explicaria tudo. A dúvida ainda pairava.
Minha segunda investida foi analisar a localização da festa. Não sabia o quanto essa informação iria me ajudar. Afinal, muita gente aluga espaço para evento e não necessariamente é perto de sua casa.
Queimei alguns neurônios e lembrei que um rapaz muito gente boa havia tido um bebê na pandemia e morava para as bandas da localização mencionada. Eu estava certa, seu sobrenome não era Lano. Resolvi olhar a foto com mais calma e, para minha surpresa, o que realmente estava escrito era “Arthur 1 ano”. Em minha defesa, a cabeça do Hulk estava bem na frente do número.
Tenho uma outra amiga, essa trabalha na recepção de um hostel fora do país. Dentre suas atribuições, além das funções típicas, ela também assa ‘croissants’ e monta a mesa de café da manhã.
Um dia, a gerência resolveu que era uma excelente ideia produzir a própria geleia para servir no café. Minha amiga argumentou que não era possível incluir mais uma atividade trabalhando sozinha. Seus superiores hierárquicos concordaram e essa passou a ser uma atribuição dos funcionários da manhã.
Em uma noite dessas, recebo uma mensagem dela. Estava fazendo geleia. Estava fazendo cheia de amor no coração? A resposta é não. Mas, estava fazendo. Sem balança para pesar o açúcar, a chefe propôs que ela utilizasse uma jarra com as marcações referentes ao peso impressas. Ela, convicta que nunca daria certo, fez na força do ódio. . “Se eu encher de algodão até a marcação 400, terá 400 gramas? Não. A prova de que eu estava certa é que o pacote de açúcar tem 1kg e eu coloquei até a linha que ela falou e foi mais da metade do pacote”. Eu, meio Glória Pires e sem ser realmente capaz de opinar, disse: “Pelo menos tá escrito “sugar”.
Nesse momento, exatamente nesse, a grande ficha caiu. Cega de ódio ela nem leu o “sugar” na jarra e mediu na parte do “flour” (farinha). Só pude concluir que a geleia ia ficar bem asSUGARada.